sábado, 16 de outubro de 2010

Jeninha

Antes de começar a escrever sobre as coisas daqui preciso falar sobre um ponto muito importante, aparentemente, para todas as pessoas que leem meu blog: a aparencia do blog. Ok. Eu sei, gente, o meu blog nao é o mais bonito do mundo, ele nao é atraente, ele é um horror. Certo. Mas o que eu posso fazer? Naturalmente eu nao sei deixa-lo mais bonito, naturalmente eu morro de preguiça de descobrir como se faz isso. Logo, pessoal, quem quiser deixa-lo mais bonito pra mim, basta dizer: eu mando login e senha, e a pessoa faz esse favorzinho pra tia Gudrum aqui. - Sim, Gudrum é um nome de tia velha da alemanha. Sério.

Muito obrigada por tantas demonstrações de carinho e de ansiedade pra novos posts. Mas voces têm que entender que nao posso postar sempre, porque senão acaba o assunto. Agora mesmo nao faço ideia de sobre o que vou falar.

Sobre as fotos, pessoal, to com outro probleminha. Tenho uma máquina fotográfica, mas nao tenho o seu cabo usb nem meu computador tem entrada para o seu cartão de memória. Logo... Mas eu estou pra procurar um cabo usb pra ela desde que cheguei aqui, e é aí que começam as histórias de hoje.

Aqui acontece alguma coisa com o tempo. Alguma coisa realmente absurda. No Brasil, todos sabem, faço mais ou menos um milhão de coisas por dia, ou seja, meu dia tem mais ou menos 44 horas e meia. Aqui, por outro lado, meu dia não passa de 09 horas. É impressionante. No fim do dia, eu estou morta de cansada, querendo ir pra casa dormir, e o que eu fiz? Almocei na Mensa - o nosso delicioso bandeijão -, fui a Wagnergasse tomar um café - a rua dos cafés aqui, que bomba, rs-, fui resolver alguma burocracia, voltei a wagnergasse. Plim. Fim do dia, todos pra casa, vamos lá... Por que eu disse que fui a wagnergasse tomar um café? todo mundo sabe que eu nao tomo café. Bueno, mas é porque aqui as pessoas me chamam pra tomar café e eu aceito. Quando chego lá, falo: Hmmm... Já tomei tanto café essa semana, hoje vou de chá de jasmin, ou quem sabe chocolate quente ou milkshake? haha.

Na Wagnergasse eu e Natuka (amiguinha da Georgia que nos ensinou aquelas palavras dificeis do ultimo post e fala portugues daquele jeito) já temos nosso café preferido: chama-se Rossini. E por que ele é tãããão melhor? porque lá se pode fumar. lá dentro. Aqui também tem aquela tal de política antifumo que todos os não-fumantes realmente adoram. Pois é. Mas por que no Rossini se pode fumar? Aí vem o melhor da história: A gente compra um cartão de sócio, no valor de 1,00 euro. Eu nao tinha entendido pra que servia, e perguntei naquela ignorancia do brasil, pensando que era um absurdo eles me fazerem pagar um euro pelo meu livre cigarrinho. Pois então: se a fiscalização chegar, eles têm dinheiro pra pagar a multa!!! Olha que sensacional!! Em Belzonte, se alguem fizesse isso, a fiscalização já ia bater todo dia na porta, e não ia ter cartao de sócio que sustentasse. Ups.

Engraçado aqui também é que as pessoas nao fazem a menor ideia da diferença entre salsa e samba. Hoje vai ter uma festa de salsa, e todas as pessoas pegaram os mosquitinhos pra mim, perguntaram se eu nao quero ir, se eu posso ensinar como dança salsa. hahahahaha. Eu sou muito muito bem humorada aqui, né, como eu já expliquei... Aí eu falo o seguinte: pessoal, salsa eu nao sei dançar, porque nao é beeeem brasileiro. Mas quem sabe funk? E eles ficam completamente chocados, e olha que estou longe de conseguir dançar um funk beeem dançado. Dia 27 vai ter uma festa brasileira aqui, organizada por algum lugar em que eu trabalho, rs, e vai ter um curso de dança, funk!! Eu já avisei pra gringada toda, eles estão superanimados. Eu já tentei fazer a galera dançar, mas realmente é completamente impossível - acho que é a minha falta de didática.

Mais uma coisa interessante sobre funk. Aqui a temperatura está variando entre 1 graus e 10 graus. E o pessoal realmente acha esse frio cortante. O que eu nao entendo é que, putz, todo mundo vem de algum lugar mais frio que isso. As meninas da russia, por exemplo, já estão na moda zwiebellook - o que significa aqui look de cebola, hahaha. Milhoes de roupas umas em cima das outras. Eu e o Gusta, não. Latinos, com molejo, nao estamos sentindo frio. Sério, nao to de gracinha. Eu coloco uma meia de lã debaixo da calça, um blusinha fina por baixo, um casaco, um cachecol e uma luva e estou óóóótima. O gusta as vezes nem meia por baixo. Mas o que isso tem a ver com funk? Todo mundo olha pra gente e fica louco: por que vcs estão vestidos assim?? Para voce nao está frio aqui? A gente responde, obviamente, "não". Estamos ótimos. Aí começaram a surgir teorias de por que os brasileiros não usam blusas de frio.

A primeira e óbvia: os brasileiros não têm casacos em sua terra natal. Lá é quente, todo mundo anda mais ou menos vestido. Então, quando faz um friozinho, como eles não têm casacos, eles têm que passar aquele frio e vão se acostumando a isso. Aqui nós estamos já muito vestidos, e a nossa situação passa a se equivaler àquela de quando estamos pelados sentindo frio no brasil. hahaha.
A segunda e ainda mais óbvia: brasileiros têm sangue quente. hahahahahah. Essa eu já ouvi um milhão e meio de vezes, e é aí que entra o funk. Depois de muito ouvir isso, eu e o gustavo resolvemos fazer um funk e publicar. Ele faz o tutitu atras, e eu canto:
Wir haben heisses Blut, Ai. Wir haben heisses Blut, delicia. Significa: nós temos sangue quente. Claro, já está virando um hit, e temos tudo pra ficar no primeiro lugar nas paradas de sucesso.

Ah, só pra constar: tenho certeza que mamae lerá esse post e pensará. Essa Ludmila, taí na Europa achando que é esperta, e é leeeeeerda. Se todo mundo tá agasalhado, até o pessoal da Rússia, ela tá achando bonito ficar mal agasalhada porque é leeeeeeerda. Nãããão, muti, não é verdade. Eu juro que nao estou tomando friagem, que bebo coisas quentes, que nao estou bebendo muito nem fumando muito. Mas devo admitir uma coisa: puuuuta merda, é um belo dum saco andar cheia de roupa na rua pra entrar em algum lugar e ter que tirar tuuudo. Porque o aquecimento realmente funciona. Aí, sai do lugar, veste roupa. Entra em outro, coloca roupa. Eu já perdi as contas de quantas vezes por dia visto e desvisto casaco, cachecol, luvas...

eu tenho mais um milhão de coisas pra contar, mas nao to conseguindo me lembrar. Ah! Ontem. hahaha. Ontem foi aniversário da Malene, uma dinamarquesa muuuito engraçada e gente boa. Ela é mais da nossa patota dentro do grupo de estrangeiros gigante. Aí a gte tinha que comemorar, e ela tinha que escolher tudo que tínhamos que fazer. A primeira escolha foi bacana: fomos ao japa. Comi até passar mal, nossa senhora. Foi gostoso. Pena que aqui nao tem self service nem rolinho primavera com molho agridoce. Mas teve caviar alaranjado e um super camarão tamanho família. fiquei feliz. Lá entregamos os presentes. Menos eu, claro, que esqueci o meu presente em casa. Não tem problema, entretanto. Já nos convidamos pra comer comida dinamarquesa na casa dela amanhã, então eu levo o presente. hahahaha. Bom, depois do japa, passamos num super trailer de batatas fritas. Gente, quanta tecnologia. Ao inves de comprar sanduba no trailler, voce compra uma supermarmita de batatas fritas com molhos diversos. As meninas compraram com molho pesto. Bueno, eu nao comi. Achei que era demais japa e batata frita. Dispois, fomos prum café/bar. Aí ficamos lá, tomei uma cerveja e o bar ficou cheio demais e nao cabiam todos os convidados que estavam chegando. Mudamos de bar. Lá conheci uma alemã suuuupergente boa que ficou me respondendo todas as duvidas sobre prefixos loucos do alemão: Anni, qual a diferença entre einschalafen, überschlafen, verschlafen, durchschlafen?Qual a diferença entre ansehen, sehen, anschauen e schauen? Qual a diferença entre probieren, ausprobieren e anprobieren? Coitada... hahaha
Mas, finalmente, fomos dançar mais tarde. Num tal de Havana Club. Gente, que lugar estranho. Isso sim é uma história escabrosa. O lugar é suuuperiluminado, apesar de ser uma boate. A gente fica vendo todo mundo, e, pior, a gte fica vendo os alemães dançando. Algumas horas eu nao conseguia achar o ritmo da musica, porque eu olhava pro lado e a pessoa tava fazendo algo tão estranho que eu me perdia. hahaha. Nao é brincadeira. É difícil relaxar desse jeito. Eu sei que ninguem tá olhando pra mim, porque pelo amor de deus neles, mas é complicado. Outro dado bizonho: as pessoas se batem o tempo todo. Eu não sei se estou acostumada demais a lugares mais alternativos, onde as pessoas tendem a ser educadas, mas eu fiquei assustada, nao consegui relaxar com isso também. Os caras passam atropelando qualquer pessoa, mulher, criança. rs. Tem uns que até com os cotovelos pra cima. Faz sentido? Aí é um empurra empurra, uma loucura. Curuz credo. Sobre a musica, nem vou comentar. E, pra finalizar, eu tava lá dançando, e de repente sinto uma mão na minha buunda!!!!!!!!!!!! Siiiiim, uma mão na minha bunda. Sabe aquela mãozinha delicada, só com os dedinhos? Eu me senti tãããão ofendida, putamerda, que nem falei com ninguem pra nao voar no cara. Tenho certeza que aqui eu ia apanhar igual gente grande se eu voasse no cara, então engoli o choro. Mas,sério, se eu nao arranjar algum lugar razoavel pra ir, nada de sair à noite. É bom que economizo dinheiro.

O dado interessante é que nem as mulheres meioooo soltinhas da alemanha, se é que vcs me entendem, sabem dançar direito. Hahaha. Fiquei lá vendo elas dançarem, e achei muito engraçado como a sensualidade vem só e apenasmente da intençãode sersexy, porque de resto... rs. E também teve uma figura, loura e bem apessoada e completamente desconhecida, do sexo masculino, que simplesmente entrou na nossa rodinha e começou a dançar com a gente. A parte engraçada disso é que ele nao nos cumprimentou, nao perguntou se nos conhecia de algum lugar, nao largou o copo vazio de algum drink, nada. Só dançou, sem olhar pra nossa cara... Achei bacana.
Bom, no fim, nao bebi nenhuma cerveja no havanaclub, de tão incomodada que eu já estava, e fomos embora lá pelas tres. cheguei em casa quase as 4.00, porque tivemos que esperar meia hora o trem, mas de boa. A menina da dinamarca, a aniversariante, falou que nos clubs da dinamarca todo mundo é estranho assim mesmo e são todos carrinhos tromba-tromba tb. A menina da alemanha que estava com a gente contou algumas histórias tristes acontecidas em clubs, mas depois eu conto.

É isso. esse post nao foi tão engraçado, porquenao to tão engraçada, mas tem coisas interessantes sobre a loucura que é não viver numa cidade grande, com mil opções de bares, de boates, de shows... Ai ai... Beleza, eu sei que a gte só vai em tres bares e em tres casas de show e boates em belo horizonte. Mas a gte escolheu ir só nesses lugares, e o povo esquisito vai nos outros e a gte fica livre deles. Aqui, pelo que tenho visto, nao há escolha.

Beijos e amor sempre.

P.s.: Gente, ainda que eu nao tenha fotos, a carol e algumas outras pessoas tiraram fotos e já postaram em alguns lugares.

http://carolinexavier.multiply.com/photos/album/59/Frankfurt_unter_Reform
A viagem que fizemos pra frankfurt.

Juro que em breve arranjo um jeito de postar as minhas próprias fotos.

12 comentários:

  1. Para quem não sabia dançar, vc está me saindo muito bem,aproveite e reine entre eles, rsrsrsrsr. Carla Peres de Jena.Ja te viram dançar samba?
    Já estou esperando a próxima.
    Bjs,

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  2. Uma coisa a comentar Lud: nesse tira poe de roupa eu ja perdi 3 pares de luvas em 36 horas. depois me acostumei.

    hhahahaha

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  3. Menina Lud, suas palavras me fazem sempre pensar tantas coisas que dá vontade de comentar como se eu respondesse aquelas cartas antigas que a gente trocava. Como o espaço é pouco e o tempo também, vou falar só das impressões gerais.

    Se vc não estiver se divertindo tanto quanto parece, pelo menos nos tem feito divertir bastante com seus causos e funks e pessoas esquisitas! Aposto que o funk do heisses Blut vai emplacar e vc nem vai querer voltar pra cá. ;)

    Amei a idéia do café Rossini! Sinto falta de poder sentar num café e fumar sem ter que passar frio do lado de fora. Aproveite!

    Ah, e se quiser alguma ajuda com o blog, posso tentar...

    Bjs

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  4. nossa, lud, achei paia q o clima das boates é assim! :///
    depois quero ouvir as historias paias da alemã que voce falou!

    continua postando!
    saudade!
    :*

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  5. Você deve está sentindo falta da afetividade (ou cara-de-pau) dos brasileiros. Por isso tá achando todo mundo estranho...Bjs. Cris

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Bom, ainda posso descobrir melhores boates... estou procurando. ainda há uma esperança chamada kasa blanca ou algo assim... e já fui em uma mais decente. vou contando aos poucos. rs.

    ainda nao perdi luvas... mas foi totalmente uma questão de sorte. TO-TAL-MEN-TE.

    Em breve conto sobre a relação nazi X antifaci que é bem tensa em jena.

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  8. Funk?
    Coisas estranhas acontecem em lugares distantes.

    Brasileiros são mamiferos e russos são répteis.

    Sei lá, estou tão sem sentido hoje, mas continuo te amando e sentindo saudades.

    Tudibom, continua contando que as estórias estão ótimas.

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  9. Nossa!!! Hi-láááá-rio esse post... Ri demais imaginando tudo.
    O blog é coisa sua mesmo, sem nem uma florzinha no fundo, hehee... mas deixa assim!
    Sobre tirar e por roupa, tb acho um saco, antes n ter aquecedor em estabelecimentos, só em casa. (na verdade eu passava calor pra n tirar, mas isso n dá pra fazer qdo tá mto frio lá fora...)
    Alemães são mesmo esquisitos e só de imaginá-los dançando fiz xixi na calça.
    Aproveita tudo aí e continue contando pra gente com essa veia cômico-irônica! hehehe Luz e amor! Bjocas, bella.

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  10. Aiai. Fico imaginando tudo que você fala e dá uma vontade de ser um mosquitinho pra observar e rir de tudo - se bem que, tem mosquito ai? Hahaha

    Saudade

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  11. Ludmila,
    Adorei o seu blog. Obrigada pelo convite para essa leitura....
    Vc conseguiu de verdade transmitir o espírito do que está vivendo...
    continue atualizando o q vive por aqui...
    Será sempre um prazer ler os post até o fim!
    Mando beijos aqui p vc, Gustavo e Carol.
    Amandinha

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