quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Natal? Sim... Natal!

Eu sei, nao é natal para ninguem. todo mundo ja trocou presentes, ja se esqueceu do que ganhou, ja se esqueceu do que rezou, e só nao se esqueceu de toda a religiosidade no ar porque ainda tem o carnaval vindouro, com aquela tal de quarta-feira de cinzas. eu sei, nunca fui muito das mais cristas religiosas - desculpe. mas também nao é por pura ignorancia que nao entendo como o carnaval pode ter algo de religioso. é por pura racionalidade mesmo, e me parece um paradoxo que aquela libertinagem (agora pareco uma virgem pura do seculo retrasado, deus!) tenha a ver com as santissimas ideias cristas. Como dizem os queridos alemaes, egal! (dá pra ver que significa tanto faz, igual, e daí?)!

De qualquer maneira, estou muito é da atrasada com esses posts aqui. Escrever nao é tarefa dos felizes, ja diziam alguns dos meus melhores amigos - que infelizmente nao me conhecem. E pra mim sempre funcionou com uma verdade incrivel. É claro: quando a vida mostra a possibilidade de ser vivida tao intensamente, nao dá tanto tempo de parar em frente ao pc para escrever sobre aquilo que eu posso viver. Isso, sim, é uma falta de respeito com os meus leitores. Mas, na Alemanha, sou uma menina mimada. Totalmente mimada. Só faco o que quero, na hora que quero, como quero. Aqui falo só praticamente a verdade. Acreditem se quiserem. Normalmente, nada de mentirinhas inofensivas para fugir de compromissos ou para deixar alguém feliz. Quando eu teria cinco meses de férias assim, hein? Tempo de desligar das obrigacoes, virar aluninho de faculdade que parece escolhinha, sem maiores trabalhos (eu ate estudei um tanto consideravel, o que me fez feliz, por ser por escolha)... Toda essa liberdade eu nao troquei por obrigacoes, e eu nao queria que escrever fosse uma delas. Triste pra mim, que perdi leitores que poderiam ser fieis. Triste para algumas pessoas, que podem ter julgado que eu nao me importava, quando eu nunca me importei tanto. Mas eu sou de decisoes, e decisoes sao decisoes (siiim, Einstein). E eu resolvi fazer tudo que eu quis, e tudo que eu estava sentindo, como uma folga de mim mesma.

E o que isso tem a ver com o natal? Uhhh... Bom, nada! o negócio é que estou atrasada com o post do natal, o que é uma vergonha. e é ainda mais ridiculo que eu escreva sobre o natal dois meses depois, ja que ninguem se lembra mais dele. mas eu me lembro:

eu ganhei um par de meias de inverno, vááários chocolates, dinheiro, dois isqueiros, um convite para passar uns dias em dresden, comida muito gostosa, um sabonete liquido para tomar banho, uma blusa, um kit bobeira e com certeza mais algumas pequenezas. e onde eu estava? nao, eu nao estava em casa. eu estava sendo recebida por uma familia de alemaes, cujo o filho é casado com minha melhor amiga, werizinha. Fato é: eu nao esperava metade do tratamento que recebi. Logicamente eu sabia que eu ia ser bem tratada e que a vida seria boa, mas eu nunca imaginei que eles pudessem ser taaaao legais. Quer dizer, a gente sempre pensa: puts, eles sao alemaes, frios... Que nada! Sao alemaes, outra cultura, mas sao gente. Hahaha! Parece engracado dizer isso assim, mas é real. Temos essa mania estranha de olhar para as pessoas como puro produto da cultura, como aquilo que sabemos da cultura. Tem alemao quente, tem brasileiro frio, tem alemao preto, tem brasileiro louro, tem 45 graus na alemanha, tem neve no brasil. E, mesmo que quem eu conheca aqui seja la um pouco frio, seja louro, e viva na neve, essa pessoa é diferente de todas as outras que eu conheci também por aqui.

Eu sei, isso parece programa de autoajuda, livro de autojuda, sei la. Nao é e é! É apenas uma conclusao simples (eeee, Einstein!) tao dificil de tirar. Eu me irrito porque as pessoas aqui, desconhecidas, só querem saber como é praia e futebol, mas eu também nao pensei que elas sao tao individuais quando perguntei pra russa se na siberia tinha sol. E ela disse que tinha, uns bons meses por ano. (hahahaha!) E aí, eu também nao pensei que ela era individual quando ela comecou a me contar sobre como as coisas funcionam por lá. Mas, aí, eu conheci um tanto de russas, e vi que elas podem ser diferentes, e tao diferentes que as vezes eu gosto delas de chorar ao pensar que nao vou mais ve-las, e as vezes dá um alivio nao ter que ver outro tanto delas. E eu, eu me sinto idiota toda as vezes que eu nao me seguro ao olhar pra alguem e pensar: "hm... russa!" "hm... ucraniana!"

E o natal foi assim, familia reunida, recebendo visita como se fosse de casa. Sentei no sofá com o pé em cima, comi chocolate sem pedir, lanchei até nao aguentar mais, sem vergonha, tomei chá até cansar. E descobri que as vezes natal é pascoa na alemanha, de tanto chocolate que se ve. e descobri que as pessoas ainda discutem se a alemanha oriental era melhor que a ocidental, e brigam por isso com certa ironia e bom humor. e descobri que eles discutem politica(s) com tanta rapidez que meus ouvidos nao podem entender tudo. e que eles acham que meu alemao é decente. e que, se eu chamar a vo do marc de vo, ela acha divertido e ri. e que ela é tao fofa, e conta historias de como era antes, quando tudo era diferente por aqui.

e, claro, descobri que as arvores de natal aqui sao realmente arvores, e nao plastico, ainda que elas fiquem dentro de casa, tenham o tamanho exato de uma arvore de natal, a aparencia exata de uma arvore de natal e estejam totalmente enfeitadas.

e que a neve pode cair tanto no natal, que pode ser dificil chegar a paris no dia seguinte. e descobri que aqui pode ser tudo meio diferente, mas é tudo meio igual, a nao ser pelo fato de que a visita ganha mais presentes do que a familia.

Foi bonito.

p.s.: desculpa a falta de acentuacao. esse é um computador alemao esquisito. e essa semana ainda pretendo contar de amsterda e de suas lindas (ou nao) putas na vitrine.